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| A propriedade em Maquiné onde Cris desenvolveu conceitos de permacultura | Foto: Arquivo Pessoal/Diário |
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Uma outra vida é possívelCris Cavasotto fala sobre a experiência de viver dois anos sozinha na Mata Atlântica gaúcha
1 - Você deve estar lendo este jornal sentado, em casa, rodeado por facilidades da vida moderna. E, depois de uma semana de ralação, começa a curtir o fim de semana de descanso. Por um instante, imagine que você abriu mão de tudo. E, para cair fora desse sistema, decidiu ir morar sozinho, em uma propriedade rural. Difícil? A história de Cris Cavasotto, 39 anos, mostra que nem tanto. Durante dois anos, ela viveu sozinha em um sítio em Maquiné, no meio da Mata Atlântica.
Neste sábado, a gaúcha formada em Educação Física comandará a palestra Por que fui morar no mato, às 14h30min, no Centro de Yoga Clássico (Dr. Bozano, 777/201). Para participar, é só levar um quilo de alimento não-perecível. Informações no (55) 3221-1297.
2 - Nos anos 90, Cris tinha um cargo de chefia na da Associação Cristã de Moços (ACM) de Porto Alegre. Muitos dos alunos eram pessoas importantes, que tinham em comum responsabilidades em grandes cargos.
- Apesar de serem reconhecidos, muitos diziam que não eram felizes. Comecei a questionar de onde vinha tanta frustração. Cheguei à conclusão de que é do sistema em que vivemos, que nos diz que só seremos felizes se formos assim ou assado. Aí, comecei a pensar sobre as doenças psicossomáticas. Elas têm origem em desequilíbrios emocionais - diz Cris.
3 - Em 1996, ela fez uma viagem pela Bahia que marcaria de vez sua vida. Ela alugou um Buggy decidida a conhecer um aldeia de índios pataxós. Queria entender como as pessoas conseguiam viver naqueles confins, sem nenhum dos confortos da cidade. Lá, encontrou uma gaúcha que havia montado uma pousada e que lhe mostrou como era feliz vivendo ali, isolada.
4 - As experiências da viagem foram tão provocativas que, meses depois, Cris faria a mesma viagem com uma amiga. Lá, elas encararam uma caminhada que as obrigou a parar para dormir. O local foi a casa de um pescador, que vivia com a família e contava com a ajuda de um andarilho.
- A gente conversava para entender como é que aquelas pessoas eram felizes. O andarilho era um hippie e tinha valores que me tocaram. Ele dizia que a casa dele era a mochila. Ele tocava a vida trocando serviços por pouso e comida - conta Cris.
No dia seguinte, turistas chegaram à casa do pescador, que os ajudou a atravessar o rio de canoa. Estarrecida com o jeito com que exploraram a boa vontade dele, Cris perguntou por que não havia cobrado:
- Ele me deu um "tapa na cara" respondendo: "Sou feliz assim e, enquanto as pessoas estiverem aqui, quero o mesmo".
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